
Um dos mais simbólicos espaços culturais de Sergipe ganha agora um registro à altura de sua trajetória. Em comemoração aos 70 anos do Teatro Atheneu, professores e pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe (UFS) lançam nesta quinta-feira, 23, às 19h, o Dossiê Teatro Atheneu: uma publicação que reconstrói a história do teatro e o reconhece como patrimônio educativo e artístico do estado.
O dossiê é fruto da pesquisa de doutorado da atriz e professora Patrícia Brunet, realizada no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGED/UFS), sob orientação do professor João Paulo Gama Oliveira. O trabalho contou ainda com a colaboração das doutorandas Adriana de Andrade Santos, Luana de Jesus Santos e Marília Marques Accyoli, reunindo textos, fotografias, documentos e memórias que revelam as múltiplas camadas desse espaço, palco de produções, sonhos e transformações sociais.
Segundo Patrícia, o dossiê é apenas o início de uma pesquisa que segue em andamento: “As pesquisas continuam no doutorado. O dossiê é um recorte inicial que visa contribuir para a memória do teatro e da historiografia das artes cênicas em Sergipe. Como atriz, sempre tive essa preocupação com a minha contribuição para além do palco”, explica.
O estudo mergulhou em arquivos do próprio teatro, do Arquivo Público de Aracaju, do Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense (CEMAS) e em acervos pessoais de artistas e pesquisadores. Entre tantas descobertas, uma em especial emocionou a pesquisadora: “Encontrei fontes incríveis, fotografias e jornais antigos, mas descobrir o grupo de teatro TECES (Teatro de Estudantes do Colégio Estadual de Sergipe) foi marcante. Eles se apresentaram no Atheneu e participaram de festivais fora do estado entre 1957 e 1963. Foi uma surpresa linda encontrar esses registros.”
Por outro lado, Patrícia também chama atenção para a urgência da preservação: “Os documentos do próprio teatro, um acervo riquíssimo, estavam guardados como entulhos no almoxarifado. Mas acredito que essa realidade vai mudar após o lançamento do dossiê.”
A pesquisadora utiliza o conceito de “espaço praticado”, de Michel de Certeau, para pensar o teatro como território de aprendizagens e afetos.“Teatro é educação. O aprendizado acontece a partir do contato com o palco, com a dramaturgia, com as histórias e personagens. Quando lemos ou assistimos uma peça, aprendemos sobre a sociedade, a cultura e o tempo em que vivemos. Não há desassociação.”
A publicação, contemplada pela Lei Paulo Gustavo através da Funcap, reúne documentos, depoimentos, fotografias e matérias de jornais para reafirmar a importância do teatro como espaço de presença e permanência.
O lançamento integra a programação do XIII Seminário do Cemas e do I Colóquio Internacional do Patrimônio Educativo, com apoio do Departamento de Teatro da UFS.
Inaugurado em 28 de março de 1954, o Auditório-Teatro Atheneu nasceu de um projeto da educadora Maria Thetis Nunes, então diretora do Colégio Atheneu Sergipense, com apoio do governo de Arnaldo Rollemberg Garcez. Foi o primeiro teatro moderno de Sergipe e o único, por décadas, capaz de receber espetáculos de grande porte. Desde então, o espaço se tornou referência para a cultura local, nacional e internacional, sendo cenário de momentos decisivos das artes sergipanas.
Sete décadas depois, o dossiê reafirma a vitalidade do Atheneu: um teatro que segue sendo espaço de encontros, experimentações e pertencimento. Afinal, preservar a memória de um teatro é também preservar as histórias das pessoas que o fazem existir.
A programação do XIII Seminário do Centro de Educação e Memória do Atheneu Sergipense e do I Colóquio Internacional do Patrimônio Educativo segue até esta sexta-feira, 24. Para conferir, acesse: @ded_ufs.
Ascom UFS
