A Universidade Federal de Sergipe (UFS) acolhe, atualmente, 12 estudantes estrangeiros participantes do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G). A iniciativa, desenvolvida em parceria pelos ministérios das Relações Exteriores (MRE) e da Educação (MEC), oferece oportunidades de formação superior a cidadãos de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordos educacionais e culturais.
Na UFS, os estudantes do PEC-G vêm de países como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Haiti, Mali, Quênia e São Tomé e Príncipe. Eles estão distribuídos entre os cursos de Arquitetura e Urbanismo, Engenharia de Produção, Relações Internacionais, Enfermagem, Odontologia e Terapia Ocupacional, nos campi de São Cristóvão e Lagarto.
Segundo Fernanda Correia, técnica administrativa em Educação da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) e uma das responsáveis pelo programa na UFS, o PEC-G representa um importante elo de cooperação internacional e integração acadêmica.

“É um convênio que existe entre o MRE e o MEC com países em desenvolvimento — e, em alguns casos, até com países considerados desenvolvidos. O objetivo é permitir que jovens entre 18 e 23 anos, sem nível superior, possam cursar toda a graduação em universidades brasileiras. A seleção é feita por meio de análise documental nas embaixadas e envolve uma grande articulação entre o Brasil e as instituições parceiras”, explica.
Fernanda ressalta que os estudantes de países que não têm o português como língua oficial passam por um ano preparatório antes do ingresso no curso.
“Esses alunos estudam português como língua estrangeira em universidades parceiras, como a UFPE, a UFBA e a UnB. Em breve, a UFS também será uma das instituições ofertantes desse curso preparatório, o PECPLE. Depois dessa etapa, eles precisam apresentar o certificado Celpe-Bras para efetivar a matrícula”, complementa.
O trabalho de acolhimento é um dos pontos centrais do programa. A coordenação de Licenciaturas e Bacharelados (Colib/UFS), junto com a Coordenação de Relações Internacionais (Cori/UFS), realiza contato prévio com os estudantes, ainda em seus países de origem, para fornecer informações sobre a cidade, a universidade e o curso. Além disso, A Cori também vem atuando ativamente junto aos estudantes nos campi São Cristóvão e Lagarto. Há também uma importante parceria com centros acadêmicos e demais estudantes, que atuam no apoio à adaptação dos recém-chegados.
“Tentamos estar presentes em todo o processo. Muitos chegam com dúvidas sobre transporte, moradia ou até o funcionamento das disciplinas. Temos buscado fortalecer essa rede de acolhimento e oferecer suporte com editais de auxílio Promisaes e orientações para solicitação de moradia universitária junto à Pró-reitoria de Ações Afirmativas e Assuntos Estudantis (Proae/UFS), destaca Fernanda.
Experiências que aproximam culturas
Entre os estudantes que vivenciam essa experiência na UFS está Nantenin Diarra, do Mali, que chegou no Brasil há três anos. Ela iniciou o curso de Direito, mas, após o primeiro ano, decidiu migrar para Relações Internacionais.

“Conheci o programa por meio do meu tio, que é professor na USP. Fiz a inscrição pela embaixada e fui a única selecionada do meu país naquele ano. Estudei português em João Pessoa antes de vir para Sergipe. No início, pensei em mudar de cidade, mas acabei me adaptando e vi o quanto a UFS tem a oferecer”, conta.
Para Nantenin, o convívio intercultural é uma das maiores riquezas do programa. “O povo brasileiro é muito acolhedor, e isso fez toda a diferença. Hoje temos uma associação de estudantes estrangeiros para oferecer o acolhimento que sentimos falta quando chegamos. Essa troca é maravilhosa — aprendemos com os erros, com as diferenças, com a culinária e com a cultura. A UFS conecta pessoas e culturas de um jeito muito bonito”, destaca.
Outro participante do programa é João Pedro Celestino de Oliveira, de Angola, também estudante de Relações Internacionais, que chegou ao Brasil há seis meses.

“Soube do PEC-G pela embaixada brasileira em Angola. Sempre quis cursar uma graduação em uma universidade reconhecida, e vi no programa uma oportunidade. O processo seletivo é detalhado, mas acessível. Quando cheguei, fui muito bem recebido pela equipe da UFS e pelos colegas”, relata.
Para João Pedro, viver no Brasil tem sido uma experiência transformadora. “Já conhecia um pouco da cultura brasileira pela TV e pela influência que o país tem em Angola, mas estar aqui é muito diferente. A convivência com os professores e estudantes tem sido muito boa, e a universidade me acolheu de forma exemplar”, afirma.
Encontro anual dos estudantes estrangeiros
Os participantes do PEC-G na UFS estão organizando o Encontro Anual de Estudantes Estrangeiros e PEC-G, previsto para acontecer no dia 27 de novembro de 2025. O evento pretende reunir estudantes de diferentes nacionalidades, docentes e técnicos, promovendo um espaço de diálogo, integração e intercâmbio cultural.
Ascom UFS
